STICK IT OUT



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ANIMATE  STICK IT OUT  CUT TO THE CHASE


STICK IT OUT

Trust to your instincts
If it's safely restrained
Lightning reactions
Must be carefully trained

Heat of the moment
Curse of the young
Spit out your anger
Don't swallow your tongue

STICK IT OUT

Don't swallow the poison
SPIT IT OUT
Don't swallow your pride
STICK IT OUT
Don't swallow your anger
SPIT IT OUT
Don't swallow the lies

Natural reflex
Pendulum swing
You might be too dizzy
To do the right thing

Trial under fire
Ultimate proof
Moment of crisis
Don't swallow the truth

STICK IT OUT

Each time we bathe our reactions
In artificial light
Each time we alter the focus
To make the wrong moves seem right

You get so used to deception
You make yourself a nervous wreck
You get so used to surrender
Running back to cover your neck


STICK IT OUT
AGUENTE FIRME

Confie nos seus instintos
Se estiverem contidos em segurança
Reações explosivas
Devem ser cuidadosamente treinadas

Calor do momento
Maldição dos jovens
Cuspa sua raiva
Não engula sua língua

AGUENTE FIRME

Não engula o veneno
CUSPA FORA
Não engula seu orgulho
AGUENTE FIRME
Não engula sua raiva
CUSPA FORA
Não engula as mentiras

Reflexo natural
Balanço do pêndulo
Você deve estar bem zonzo
Para fazer a coisa certa

Teste de fogo
Prova final
Momento de crise
Não engula a verdade

AGUENTE FIRME

Cada vez que banhamos nossas reações
Na luz artificial
Cada vez que alteramos o foco
Para fazermos com que passos errados pareçam certos

Você fica tão acostumado com a decepção
Você se torna uma pilha de nervos
Você fica tão acostumado em desistir
Voltando atrás para proteger seu pescoço


AGUENTE FIRME


Música por Geddy Lee e Alex Lifeson / Letra por Neil Peart


A necessidade vital do equilíbrio entre reações e resistência

"Stick It Out" é a segunda faixa de Counterparts, uma forte canção que foi lançada como single logo após a chegada oficial do álbum, conseguindo em 23 de outubro de 1993 o topo da Hot Mainstream Rock Tracks, ranking da Billboard que mostra as músicas mais tocadas nas rádios, permanecendo por quatro semanas. Buscando uma divulgação mais intensa, a banda produziu, em parceria com a gravadora Atlantic, um excelente vídeo dirigido por Samuel Bayer, diretor norte-americano de clipes comerciais e musicais que já havia trabalhado com bandas como Nirvana (em "Smells Likes Teen Spirit"), Ozzy Osbourne (em "Mama, I'm Coming Home") e Iron Maiden (em "Wasting Love").

Trazendo um título que convida à ação, conforme canções como "Show Don't Tell" (de Presto, 1989) e "Face Up" (do anterior Roll The Bones, 1991), "Stick It Out" pode ser facilmente definida como uma das canções mais pesadas e sombrias que o Rush já concebeu em toda a carreira, construída em uma estética orgânica cativante. Continuando com a robustez expressada na primeira e imediatamente anterior "Animate", "Stick It Out" consegue emanar ainda mais intensidade e força, impulsionada por guitarras devastadoras na introdução produzindo um riff conciso e certeiro, destacando mais uma vez a grande versatilidade de Alex Lifeson. Geddy Lee, por sua vez, nos oferece linhas de baixo incrivelmente tensas, sugerindo uma sensação imediata de suspense aterrorizante que sustenta toda a potência sonora da obra. A afinação da bateria de Neil Peart é uma particularidade, esta que conta com um equilíbrio perfeito entre bumbo e pratos de condução que se mantém irretocável por toda extensão. Outro ponto a se destacar como um todo é a mixagem atemporal de Counterparts, que favorece bastante a sonoridade e a singularidade apresentada em todos os instrumentos.

"Adoro o riff de Stick It Out", diz Geddy. "Aliás, é uma canção com grandes riffs. Amo tocá-la, pois traz linhas de baixo pesadas e que sempre me fazem feliz. Liricamente é assim também. Acho que as melhores coisas são a vibração e a forma como é despojada para um trio - uma canção rock guiada por riffs".

"Sempre gostei muito de Stick It Out, principalmente desse riff que sobressai"
, diz Alex. "Tenho aqui todas as guitarras afinadas em ré, o que sempre torna as coisas um pouco mais pesadas. Realmente queria uma canção que soasse muito pesada".

Para Peart, Counterparts mostra a banda 'fechando o cerco', explorando um som 'mais ousado':

"Como eu poderia abordá-la corretamente, e ainda dando o toque de elegância que buscava para uma canção riff-rock? Não queria que fosse do mesmo tipo das que você ouve numa rádio", explica o baterista. "Dessa forma, comecei a trazer influências do fusion e algumas coisas latinas também. Há um verso onde capturei um efeito típico da banda de jazz Weather Report, utilizando algumas viradas complicadas nos pratos, do primeiro ao último tempo do compasso - algo que eu mesmo poderia ter pensado em fazer. Essa canção beira à paródia para nós - por isso, tivemos que andar numa linha tênue. Respondemos ao poder do riff, mas ainda assim encontramos algumas maneiras de torcer as coisas, fazendo algo a mais".

"Em Counterparts, voltamos a trabalhar com Peter Collins, que produziu dois dos nossos álbuns anteriores, Power Windows e Hold Your Fire"
, lembra Alex. "Utilizamos uma abordagem muito mais direta nessa gravação, movendo-se em direção à essência do que o Rush era como uma banda de três partes".

"Stick It Out", assim como todo o álbum Counterparts, mostra o Rush abandonando a relativa acessibilidade de suas canções imediatamente anteriores, voltando a criar peças mais enigmáticas mesclando construções não usuais com refrões marcantes, algo que se transformou em uma forte característica do rock nos anos 90.

"Estamos sempre ouvindo coisas novas, e acho que sempre nos permitimos ser influenciados por algo emocionante que esteja acontecendo", declara Geddy. "Acredito que todos os músicos fazem isso. A mudança mais interessante ocorrida no hard rock veio da América, com bandas como o Soundgarden e o Red Hot Chili Peppers até certo ponto, entre outras. Eles fizeram coisas interessantes numa veia hard rock, tendo um tipo de som grandioso e agressivo. Eu diria que aquilo foi inspirador para nós, vendo coisas interessantes sendo feitas com esse tipo de música e com as quais nos sentimos muito familiarizados. Portanto, eu diria que isso teve um efeito catalisador, nos tornando determinados a conseguir um som mais poderoso".

Em "Stick It Out", Peart visita novamente uma questão de dualidade, complementaridade e equilíbrio. Sempre preciso em suas composições, o letrista utiliza um jogo de palavras que dessa vez passeia pela resistência e pelas reações nas relações humanas, principalmente durante a inconstância da juventude - mergulhando o ouvinte num verdadeiro turbilhão de sensações características de sua costumeira exaltação à individualidade. O cerne da canção, que reencontra temas já abordados em faixas anteriores como "Emotion Detector" (de Power Windows, 1985), "Open Secrets", "Prime Mover" e "Lock and Key" (de Hold Your Fire, 1987), ressalta a confiança e o cuidado com nossos instintos, além da importância de saber trabalhar nossas reações naturais. O que fica claro na mensagem é que, em meio a tantas dificuldades e impasses nos quais geralmente estamos inseridos, devemos sempre optar por controlar nossas respostas e atitudes decorrentes, mas sem nos calarmos ou nos isentarmos por completo. O ideal, certamente, é tentar encontrar a proporcionalidade entre essas duas dinâmicas.

"Na verdade, foi apenas uma brincadeira com palavras", explica Peart. "Essa canção fala sobre mostrar arrogância ('Spit It Out') e também resistência ('Stick It Out'). Se você tem algo difícil de suportar, coloque-o pra fora e vá até o fim. Foi só um trocadilho com essas duas expressões, realmente a dualidade é inclinada em ambos os sentidos. Trata-se do sentimento de tolerância, do sentimento de aguentar as coisas e também da ideia de fortaleza, de colocar pra fora - de sobreviver. Foi mais por diversão, tanto liricamente quanto musicalmente, beirando uma paródia. Acho esse foi o momento do disco onde queríamos apenas nos divertir, e fiz isso também liricamente".

Peart diz que aprecia bastante ser capaz de abordar algumas das questões mais fortes e difíceis da vida. "Sim, tenho o luxo do tempo (entre os álbuns) para me sentar e olhar pela janela todos os dias, sentindo que estou fazendo o meu trabalho. Há a curiosidade e o interesse sobre a vida, e o desenho de ter mais. É um luxo que me permite ser contemplativo. Há interesses e entusiamos comuns que podem levar tempo para serem articulados para as pessoas. Esse deve ser o nosso papel".

O single promocional de "Stick It Out" trazia em sua capa uma imagem representando a famosa fábula A Lebre e a Tartaruga, (atribuída ao lendário autor grego Esopo), ilustrando perfeitamente as intenções líricas que observam a arrogância e resistência na canção. Na história, a tartaruga vence a lebre em uma corrida, após essa, tão certa da vitória, decidir parar para descansar adormecendo na estrada, com o réptil seguindo tranquilamente o trajeto e vencendo o desafio.

"Stick It Out", com suas harmonias não-convencionais e seu peso latente, mostra o Rush assimilando e se afirmando na musicalidade do rock na década de 1990, minando o mais orgânico com o instrumentalmente complexo, porém sem abandonar suas características fundamentais.

"Se nossa música quer dizer alguma coisa, é que a fazemos para nós mesmos, esperando que outras pessoas a escavem também", declara Geddy Lee. "Isso em si é uma espécie de declaração ou mensagem: 'faça o que você gosta, ou o que você acha que é certo, e se atenha a isso'. Falamos sobre esse assunto em 'Stick It Out'. A canção é sobre todos nós - há um milhão de maneiras para se viver, um milhão de maneiras para compor e tocar, e você têm que descobrir aquela que te faz mais feliz, se dedicando a isso. Tivemos a sorte de conseguir, mas nem todos têm essa chance. Felizmente, há um número suficiente de pessoas por aí que gostam do que fazemos, nos mantendo na superfície por todos esses anos".

© 2015 Rush Fã-Clube Brasil

PEART, N. "Reflections In A Wilderness Of Mirrors : The Counterparts Tour Book". 1993.
MILLER, William F. "Neil Peart: In Search Of The Right Feel". Modern Drummer. February 1994.
ALEDORT, A. "Closer To The Heart". Guitar World. February 1994.
RAG MAGAZINE. "Interview With Neil Peart". May 1994.
DOWNES, S. "Alex Lifeson and Geddy Lee on Rockline for Counterparts". January 24, 1994.