TEARS



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TEARS

All of the seasons
And all of the days
All of the reasons
Why I've felt this way
So long
So long

Then lost in that feeling
I looked in your eyes
I noticed emotion
And that you had cried
For me
I can see

What would touch me deeper
Tears that fall from eyes
That only cry?
Would it touch you deeper
Than tears that fall from eyes
That know why?

A lifetime of questions
Tears on your cheek
I tasted the answers
And my body was weak
For you
The truth
LÁGRIMAS

Todas as estações
E todos os dias
Todas as razões
Por ter me sentido assim
Tanto tempo
Tanto tempo

Então perdido naquele sentimento
Olhei nos seus olhos
Percebi emoção
E que você havia chorado
Por mim
Posso ver

O que me tocaria mais fundo
Lágrimas que caem de olhos
Que só choram?
Será que isso te tocaria mais fundo
Do que lágrimas que caem de olhos
Que sabem o por quê?

Uma vida de perguntas
Lágrimas no seu rosto
Experimentei as respostas
E meu corpo estava fraco
Por você
A verdade


Música e letra por Geddy Lee


Lágrimas mais reveladoras que palavras

A penúltima faixa de 2112 é a fortemente emocional "Tears". Totalmente creditada a Geddy Lee, a canção fecha no disco o momento raro e especial de composições individuais iniciado pela anterior "Lessons", inteiramente escrita por Alex Lifeson. "Tears" consiste em uma construção experimental que muda drasticamente a atmosfera do álbum, uma peça separada pelos músicos para ser explorada exclusivamente no estúdio. Como a banda tinha certeza que não a executaria ao vivo, sua produção foi bastante incrementada. Apresentando um tema obscuro, angustiante e belo, sua mudança de ritmo totalmente inesperada consegue se encaixar perfeitamente no restante da obra.

"Nossa intenção foi utilizar uma canção como peça de produção para o álbum", explica o coprodutor Terry Brown. "Isso nos livraria da nossa prática costumeira de escrita, produzindo canções para serem tocadas ao vivo que mantem a disciplina de uma banda com três integrantes".

"Tears" é uma balada assombrosa ambiciosamente arranjada. De início tocante e melancólico com Alex em um violão solitário de doze cordas, o momento é logo acompanhado pela chegada da voz natural de Geddy e do seu baixo. Novamente, o frontman prova ser um cantor e intérprete incrivelmente versátil, oferecendo linhas intensas, tocantes e introspectivas, além de elaborar uma letra mais desenvolvida que as realizadas nos primeiros trabalhos da banda. "Tears" ainda ganha uma densidade apurada com os toques bastante simples e sensíveis acionados por Neil Peart em seu instrumento, além da adição de sons extraídos do Mellotron, elemento que ficou a cargo do artista gráfico Hugh Syme. Curiosamente, essa era a primeira das poucas vezes que a banda convidava um músico externo para atuar em suas canções. Portanto Syme, além de idealizar com Peart a arte do álbum que seria marcante por toda a carreira da banda, ainda aparece de forma destacada nesse registro. Além disso, "Tears" pode ser definida como a primeira canção do Rush a oferecer uma certa presença e destaque para os teclados, algo que se tornaria, a partir dali, um importante e gradativo atributo na música dos canadenses.

"Eu estava no estúdio deles em Toronto - minha primeira visita ao seu santuário legendário privado - e uma coisa acabou levando a outra", explica Syme. "Geddy e eu estávamos no chão com meu sintetizador Arp Odyssey, operando filtros e camadas e acionando notas para produzir a paisagem sonora de '2112 Overture'. Dessa forma, desci para o hall por algumas horas, e desenvolvi algumas cordas e sopros no Mellotron para uma canção dele, 'Tears'. Ainda tenho essas boas recordações".

"Conhecemos Hugh por ele ser um músico local e, além disso, um artista gráfico", explica Lee. "Ele e Neil se deram bem imediatamente. Todos nós gostamos do seu trabalho em Caress of Steel, e isso fez com que ficasse mais fácil lhe oferecermos outras responsabilidades. Ele sempre tem grandes ideias".

"Tears" evoca com muita sutileza uma relação amorosa, uma joia singela e notável em toda a obra do Rush. Lee experimenta trabalhar com as doloridas sensações quando percebemos que magoamos quem amamos. Trata-se de uma composição muito peculiar e intensa, debruçada nas lágrimas que envolvem a paixão como um verdadeiro enigma para o ser humano, algo que não pode ser explicado, um sentimento inacreditável.

O cenário é completamente aberto a ideias. É possível imaginar o começo de uma reconciliação entre dois amantes e, de forma ainda mais intuitiva, um relacionamento doloroso e emocionalmente desgastado que tem a dor como elemento constante. As palavras aqui refletem necessidade, desentendimento e o desabafo que podem revelar o quão forte é a ligação entre essas vidas, sendo possível sentir a fraqueza e esgotamento dos protagonistas através de outra bela interpretação de Lee. Por outro lado, há o retrato da percepção de sentimentos que apenas as lágrimas podem externar. Respostas, verdade, saudade - uma verdadeira liberação emocional.

© 2014 Rush Fã-Clube Brasil

BANASIEWICZ, B. Rush Visions: The Official Biography. Omnibus Press, 1987
TELLERIA, E. Merely Players Tribute. Quarry Music Books, 2002.
HARRIGAN, B. "Rush". Cherry Lane Music, 1984.
CLASSIC ROCK PRESENTS: RUSH CLOCKWORK ANGELS. Classic Rock Special Edition. June 11, 2012.