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ALÍVIO DE PRESSÃO
Por Neil Peart

NOTA DE GRAÇA... Agora, deixe-me pensar nisso. Acho que, logo após o lançamento do nosso álbum "Signals", começamos a pensar e conversar sobre o futuro. Na primeira parte da turnê, nosso amigo de longa data e coprodutor, Terry Brown, voou ao nosso encontro em Miami. Após o show, a bordo do nosso ônibus através da noite úmida e escura da Flórida, nos sentamos com alguns alguns drinks nas mãos para discutir nosso futuro.

Alex, Geddy e eu estávamos discutindo essas coisas já há algum tempo, e decidimos que era hora de seguirmos por nossa conta, tentando trabalhar com outra pessoa. Nós queríamos, precisávamos encontrar alguém, talvez com uma experiência diferente, que pudesse ter abordagens e técnicas diferentes a oferecer para a nossa música e nosso som.

NA LINHA... Foi importante (e difícil) para nós expressarmos para o Terry que isso não significava insatisfação ou falta de confiança nele. Era apenas que, após quase dez anos e onze álbuns juntos, evoluímos para uma confortável e eficiente equipe de gravação - os quatro - e poderíamos até mesmo prever a opinião de cada um e reações às ideias diferentes. O quão positivo essa situação poderia soar era exatamente o que nos preocupava.

PONTO DE PRESSÃO... Ainda assim, não é fácil dizer a alguém que você deseja trabalhar com outra pessoa para uma mudança, depois de tanto tempo juntos - e continua sendo difícil dizer. Foi duro para nós e também foi duro para o Terry. Passamos por tantas coisas juntos, e ele contribuiu muito com nosso desenvolvimento e refinamento - tanto pessoalmente quanto musicalmente. Foi estranho, difícil, e até um pouco doloroso. Mas tínhamos que fazer isso ou sempre iríamos nos perguntar, "E se?"

Enquanto objetivamente podemos reconhecer que era a coisa certa a se fazer, subjetivamente, às vezes, é muito fácil racionalizar o caminho mais fácil a seguir. Tínhamos que cortar o cordão umbilical.

NOTA DE GRAÇA... Inicialmente, "A Grande Caça ao Produtor" foi muito divertida. Procuramos entre os créditos de álbuns que gostávamos e fizemos algumas listas. Tentei descobrir "quem foi que fez o que para quem". Seria o produtor ou o artista o responsável pelas ideias e texturas que estávamos procurando? Será que dessa forma ou dessa forma pode ser o maior beneficio em um sentido criativo e musical do que seria assim ou assim em um sentido interpretativo e produtivo? Esse tipo de coisa é divertida.

NA LINHA... Mas era hora de levar a sério. As pessoas foram contatadas. Quem estava disponível? Quem está interessado? Durante nossa turnê europeia de 1983, conhecemos um número de produtores e engenheiros da persuasão "inglesa". "Bem, a maneira tal é muito legal, e por isso e por isso parece realmente funcionar melhor". Conversamos e conversamos com eles sobre som, sobre música, sobre as outras pessoas com quem trabalharam, sobre método, sobre técnica, sobre estúdios e efeitos. Aprendemos muito, apenas nessas conversas. Depois conversamos entre nós, discutindo. Tomamos uma decisão -

Iremos contratar o Sr. "Fulano"!

PONTO DE PRESSÃO...
E tudo pareceu bem legal por um tempo. Nos encontramos novamente com o ilustre Sr. "Fulano", discutimos nossas ideias, criticas, hábitos e gostos, chegando a um entendimento.

Então, apenas duas semanas depois de começarmos a trabalhar em um novo material, recebemos A Ligação. "O Sr. Fulano decidiu que ele não é a pessoa certa para o trabalho". Certo. Ótimo.

NOTA DE GRAÇA... Naturalmente, ficamos um pouco abalados no início - o vento nas velas, etc. - mas isso se transformou em momentos muito positivos para nós. Mais uma lista foi feita, mais pessoas foram contatadas. Quem estava disponível? Quem estava interessado? O tempo ficava curto, mas estávamos determinados a encontrar alguém. Algumas pessoas nos pediram para seguirmos em frente e fazermos o álbum por nossa conta, como certamente poderíamos ter feito, mas nossa intenção era trabalhar com alguém novo - e nós iríamos!

Todos nossos amigos desempregados começaram a se voluntariar.

NA LINHA... O importante era que, de repente, estávamos por nós mesmos, responsáveis por tomar as decisões e manter as rodas em movimento. Claro, haviam pessoas atrás de nós, nos ajudando com a organização e contato, mas o resto era todo conosco. Isso realmente nos uniu e nos deu uma forte vontade e determinação de fazer um ótimo álbum.

Fazer bem é a melhor vingança.

Então, contatamos o Sr. Whosis, mais um produtor inglês de grande habilidade musical e técnica. Nos encontramos em nosso local de ensaio, e ele tinha muito para contribuir em termos de arranjos e desenvolvimento de ideias. Ele parecia estar realmente interessado em trabalhar conosco, precisando apenas resolver "alguns pequenos problemas complexos", a fim de se libertar para fazer o projeto.

Ótimo! PONTO DE PRESSÃO... Não tão ótimo. Aqueles "pequenos problemas complexos" eram de alguma forma intransponíveis, e o Sr. Whosis não pôde se tornar disponível. Pelo amor de Deus!!! Agora começava a abalar um pouco a nossa confiança. "O que somos - salada de fígado picado?"

De volta à lista novamente. Quem estava disponível? Quem está interessado? Claro, agora estávamos cada vez mais perto do período que reservamos no estúdio e semana após semana estávamos adiando. E, como se já não bastasse, várias pessoas com as quais estávamos interessados em trabalhar já estavam comprometidas com outras coisas. Caramba!

NOTA DE GRAÇA... No entanto, nem tudo era desgraça e melancolia. No meio de agosto começamos a trabalhar no nosso novo material, e derramamos nossa determinação e angústia nisso. Na primeira noite, enquanto estávamos apenas "batucando", fizemos juntos as três partes do que viria se tornar "Between The Wheels". Dentro de poucos dias, já havíamos escrito "Kid Gloves" e "Afterimage", e nós, enfim, começamos a nos sentir mais confiantes sobre nós mesmos. No fim de três semanas nas quais estivemos compondo, fizemos demos "brutas" dessas três mais "Red Sector A" e "The Body Electric". Tínhamos essas para estarmos felizes.

NA LINHA... O fato é que o período que havíamos reservado no estúdio não era o único prazo que estava estourando sobre nossas cabeças. Prevemos que teríamos tudo resolvido até aqui, tínhamos concordado em tocar uma série de shows no Radio City Music Hall em Nova York em meados de setembro. E não tendo tocado ao vivo desde o último verão, significava que teríamos que fazer uma semana de ensaios para estarmos afinados.

Nosso hábito de costume após escrever músicas é sair e tocar algumas em shows pequenos e em alguns shows grandes, e depois voltar para o estúdio. Dessa vez, sentimos que seria adequadamente perigoso vir de um período de hibernação direto para um dos palcos mais prestigiados do mundo. (Não fomos corajosos!) Tendo em vista que não estávamos preparados nem para o estúdio ainda, retornamos de Nova York para o local de ensaio e continuamos trabalhando no material, enquanto procurávamos o Sr. Bom Ouvido.

PONTO DE PRESSÃO... E a caça continuou. Telefonemas e telegramas voaram ao redor do mundo. Qualquer um no qual pudéssemos pensar cujo trabalho nos agradava, entrávamos em contato, não importava o quão improvável parecia. Mais pessoas vieram nos ver. Mess, Alpha, Beta, Gamma e Epsilon vieram, e tivemos um déjà vu quádruplo - repetindo as mesmas conversas sobre o que queríamos de um produtor, o que queríamos da nossa música, o que eles já haviam feito, o que eles poderiam fazer, o que era importante, o que não era - etc, etc, etc.

"Procurávamos apenas duas coisas em um produtor; ideias e entusiasmo"

NOTA DE GRAÇA... Adotamos "Roger Kneebend" como nosso produtor mascote - um boneco de ação de dez polegadas (formalmente emprestado pelo filho do Geddy, Julian) repleto de nadadeiras e roupas de mergulho. Foi fixado de forma destacada no gravador do Alex - assim ele poderia ficar no topo da gravação!

Então ele se transformou nas quatro coisas que requeríamos de um produtor; ideias, entusiasmo, nadadeiras - e uma roupa de mergulho, assim podíamos cuspir nele!

Sim, estávamos perdidos!

NA LINHA... Era algo difícil o que estávamos colocando sobre esses caras. Nesse tempo, já havíamos escrito e gravado "Distant Early Warning" e "The Enemy Within", e começamos a trabalhar "Red Lenses". Nosso método era conversar de forma geral com cada um dos "candidatos", até que começássemos a nos sentir mais confortáveis com eles. Então, em um certo ponto, tocar todas essas músicas - e esperar que eles pudessem oferecer uma critica inteligente e sugestões. Depois, no segundo dia, poderíamos escolher uma canção para que tivessem algumas ideias, e trabalhar nisso juntos. Sem dúvida, elas estavam in loco de alguma forma - mas nós também!

PONTO DE PRESSÃO... Peter Henderson era um pouco desconhecido para nós na época, mas talvez por causa disso tivemos muitas esperanças nele. Ele chegou da Inglaterra numa tarde ensolarada, e conversamos um pouco nervosos. Sentamos no chão da sala de ensaio, em meio a todo nosso equipamento e, como cachorros se conhecendo na estrada, meio que nos farejamos metaforicamente. Como muitas vezes acontece, amizade e respeito mútuo começaram a crescer daquela discussão sobre as músicas de outras pessoas. Gostos e desgostos compartilhados sobre um assunto tão pessoal pode ser muito importante. Uma das coisas que imediatamente mais nos impressionou sobre Peter foi que ele era obviamente - como nós - um tremendo fã de música. Se conversássemos sobre um grupo ou uma música que gostássemos, falávamos em termos de "segunda música do lado B" ou "terceiro som do lado A" - conhecendo os títulos e a ordem - da forma que um faz. Não como se estivéssemos debatendo, mas conversando sobre um assunto que interessava a todos. Disso que gostamos.

NOTA DE GRAÇA... Depois de um jantar naquela noite, tocamos as músicas para ele, passamos novamente para o assunto sobre as falhas nas canções, sobre o que realmente queríamos que parecesse e sobre nossos sentimentos em torno das perspectivas e possíveis melhoras. E o que ele pensava sobre essa ou aquela ideia?

Bem, ele pensou no tipo de coisas que esperávamos que pensasse, e as expressou de uma maneira muito inteligente e confiante. Quando deixou a sala naquela noite, nós três nos olhamos - sorrindo e balançando a cabeça. Eureka!

Mas, ainda estávamos muito inseguros sobre nossos desapontamentos anteriores. Ele sentiria que era o homem certo para esse trabalho? Teria alguns pequenos problemas complexos para resolver? Ele desapareceria e nunca mais ouviríamos falar dele novamente? Provavelmente.

Estávamos determinados a perguntar a primeira coisa de manhã, se ele gostaria de se comprometer com o projeto. Depois do café, nos falamos e sentimos que ele era o cara, e perguntamos se estaria interessado.

"Bem", ele respondeu com um sorriso inglês seco, "Eu não teria vindo de tão longe até aqui se eu não estivesse interesse, teria?"

"CERTO!" "ÓTIMO!" "VAMOS LÁ", falamos juntos.

Depois alguém adicionou: "A propósito - você tem uma roupa de mergulho?"

NA LINHA... Então lá fomos nós, fora do Le Studio para começar a gravar. Mal podíamos acreditar! Essas músicas foram demolidas, rearranjadas e demolidas novamente várias vezes - pensávamos que seria fácil. (HÁ!) Claro, tivemos que nos conhecer para desenvolver uma relação de trabalho - e começar a nos divertir com cada um. Foi mais ou menos nessa época que o título "Grace Under Pressure" foi sugerido. Não só era relevante para muitas das canções, mas também era bastante apropriado para a maneira com que o álbum estava indo. O fato é que nós nem sempre exibimos essa qualidade, a menos que desejada! Pareceu apropriado.

PONTO DE PRESSÃO... Mencionei que havíamos trabalhado com o mesmo coprodutor por um longo tempo, então tínhamos que (e estávamos determinados a) começar a partir do zero, fazendo coisas tão diferentes quanto pudéssemos. Para mim, foi uma oportunidade bem-vinda para tentar algumas novas abordagens. Seria muito fácil fazer o que já trazia bons resultados no passado.

Portanto; estou batendo coisas diferentes no estúdio, Peter está girando coisas diferentes na sala de controle, ambos estávamos um pouco desconfiados um do outro. Sugestões e opiniões eram trocadas, tentamos mais algumas coisas diferentes e um bom som básico é finalmente alcançado. Passamos pelo baixo, depois pelo som da guitarra, e logo estávamos flutuando em "Distant Early Warning".

NOTA DE GRAÇA... 1983 foi um ano difícil para muitas pessoas, sem dúvidas sobre isso - mas, o tempo não estava bom? Não consigo me lembrar de um verão mais glorioso, nem - alguns podem discordar - de um inverno mais glorioso. Nosso tempo de folga antes de começar a escrever, o agosto e setembro no período de escrita... estava tão quente e ensolarado que o clima era quase tropical. Porém, enquanto estávamos no estúdio entre novembro e março, fazia frio e tínhamos toneladas de neve. Cinco ou seis pés devem ter caído a mais no inverno - um paraíso para um esquiador do interior. (Eu).

A equipe chegou para carregar o estúdio juntamente com a primeira grande tempestade de inverno, mal preparados em tênis e jaquetas leves. Cedo naquela manhã estavam todos na cafeteria "Mickey's" em "Morin Heights", para retornarem resplandecentemente vestidos com botas verdes gigantes e jaquetas de esqui muito atraentes.

Nossa equipe também estava muito "graciosa sob pressão".

NA LINHA... Sim, foi um ano de crises e tragédias - tanto em níveis globais e também em frente de casa. Enquanto estávamos na "sessão de escrita" o "Globe & Mail" de Toronto chegou mais cedo em nossa porta. Uma vez que estava lá, me encontrava lendo-o durante meu café da manhã todos os dias, antes de começar a escrever as letras. As manchetes, especialmente as empresas nos editoriais e as cartas para o editor, ficavam em minha mente, e essa circunstância afetou as letras de certas músicas de forma profunda. Essa era a época em que os 747 assassinatos coreanos, as controvérsias dos mísseis de cruzeiro e a chuva ácida (um dos meus protestos de estimação) eram grandes noticias canadenses - guerras surgindo em todo lugar, e nós, nossas famílias e nossos amigos estávamos tentando lidar com a economia, doenças, estresse, morte, problemas amorosos, desemprego e depressão. (Bem, não tudo de uma vez!) Canções como "Distant Early Warning", "Red Lenses" e "Between The Wheels" foram definitivamente entrelaçadas com esses pensamentos e sentimentos. Como o homem da notícia, Peter Trueman, dizia: "Isso não é novidade, mas também é realidade".

PONTO DE PRESSÃO... Há um certo estado de mente, não apenas exclusivo aos músicos, o qual é chamado (em termos médicos) de "The Black Ass". Coisas em sua vida que talvez vão um pouco além do controle, talvez um daqueles dias em que a humanidade e o destino conspiram para encher seu caminho com obstáculos - ou talvez você esteja "muito cansado". Todo mundo recebe sua cota de nuvens negras.

Você está trabalhando muito em uma música que sabe que pode ser boa, mas que simplesmente não cola; Você senta no estúdio com as mãos doendo e o coração pesado, incapaz de entregar a performance que a canção demanda, após ensaiá-la por tanto tempo. Você escuta a reprodução de algo e, quando acaba, ninguém diz nada. Silêncio absurdo. Evitando olhares (Alguém sabe uma piada?)

Uma certa tensão nasce nessas horas. A sala está em silêncio. Todos sabem que alguma coisa está errada, mas ninguém quer ser aquele que vai dizer "isso não está certo". Criticar é pressupor uma alternativa, sugerir uma ideia e colocar o seu próprio orgulho na linha, expondo sua vulnerabilidade para uma possível rejeição e desentendimento. Escutar a ideia de outra pessoa, com a qual talvez não concorde, é um desafio à sua objetividade e auto controle. É difícil dizer o que é certo sobre algo antes de dizer o que está errado.

Manuseie com luvas de pelica, manuseie com luvas de pelica. De fato.

NOTA DE GRAÇA... Oh bem, claro que tivemos muita diversão também. O hotel "Commons" era às vezes um lugar bem-vindo para beber no fim do dia (ou da noite, sério). Jogamos vôlei até a neve ficar profunda, tentamos dirigir o carro alugado acima da velocidade permitida, após a neve ficar muito profunda (ideia do Alex, naturalmente ). Praticamos nosso "mergulho na neve" longe da sacada, em dois ou três metros de neve fresca. Skipe e Larry decoraram a pequena casa de hóspedes, ("A Casinha na Estrada") com luzes de natal e grinalda. Peter, Alex, Geddy e Larry levantavam cedo para jogar tênis, eu levantava cedo para esquiar. Skip levantava cedo para voltar do "Commons" para casa, e Jack levantava cedo apenas para enrolar.

E sim, de vez em quando tínhamos visitantes de fora, um breve interlúdio com a família ou amigos fazia uma grande diferença, principalmente por nos olharmos o tempo todo. As pessoas ótimas no estúdio, a comida maravilhosa do Andre, a fantástica videoteca ("O Médico Erótico" era o hit no momento), tudo isso nos proporcionou diversão e nos deixou tão confortáveis quanto poderíamos estar (considerando nossa condição!).

Tivemos um dia maravilhoso em Ottawa, nos imortalizando através do famoso fotógrafo Yousuf Karsh. Foi uma experiência inspiradora e elevadora sentar de frente para as lentes de um fotógrafo de reis, rainhas, presidentes, papas, astronautas, autores, cientistas e estrelas do cinema. E lá estava ele, tirando fotos para o encarte do álbum de vagabundos como nós! Foi maravilhoso ver, em seus setenta e cinco anos de idade, sua energia tremenda, criatividade e rápidas mudanças de humor. Ele nos forneceu uma citação memorável e amplamente aplicável quando disse que as luzes da sala não eram ajustadas independentemente: "Essa não é uma resposta que eu possa aceitar. Essa não é uma resposta que eu possa aceitar".

Eu gostaria de ter dito disso (Eu direi, eu direi!).

NA LINHA... À esta altura, já havíamos completado as pistas básicas, meses de teclados, guitarras, percussões e overdubs vocais, e estávamos começando a fase de mixagem. Estava levando muito tempo, mas ao menos as coisas estavam progredindo.

Durante todo esse período me comunicava diariamente (duas ou três vezes por dia) com nosso diretor de arte, Hugh Syme, em Toronto. Ele estava "herniando" (em suas palavras) sobre a pintura da capa, e tentei oferecer qualquer tipo de ajuda possível por telefone, mesmo sem ver de fato o trabalho. (Difícil, você pode imaginar!). Detalhe após detalhe da obra foram colocados no papel, os créditos cuidadosamente compilados, as letras corretamente digitadas pelos tipógrafos, a fotografia e o tipo de fonte escolhida, encarte e etiquetas projetadas - até que, um dia, a transparência da pintura estava pendurada na janela do estúdio, maravilhosamente iluminada pelo sol sobre a neve por trás dela - e Hugh pode finalmente dormir.

PONTO DE PRESSÃO... Mas nós não. Nessa altura já era decididamente tarde, e nossa gravadora e o ano novo que se aproximava estavam mais do que ansiosos para nos lembrar. (Como se precisássemos sermos lembrados!). A pressão estava lá em cima. Quatorze horas por dia se tornaram a norma, com o jantar as pressas ingerido no próprio estúdio. Mas porque, afinal, a mixagem não deveria ser tão teimosa quanto o resto? (Você esperava um descanso?).

É certo que nessas últimas semanas as coisas começaram a ficar realmente mais arrastadas. Ficou muito mais difícil se concentrar na vida fora do estúdio, pois ela se tornou enclausurada como um estranho mosteiro. Uma deriva cada vez mais longe da sua vida cotidiana, de sua família e amigos. As cartas se acumulavam, negócios negligenciados se mostravam cada vez mais altos, mas tudo parecia remoto de alguma forma nas garras dessa obsessão maluca. Hora de ir embora agora!

Nesse ponto tivemos mais uma série de reuniões, dessa vez com o pessoal do vídeo. Decidimos tentar continuar com isso até o final, o mais rápido que pudéssemos. Sabíamos que queríamos usar vários diretores diferentes, e fazer algumas músicas em estilos diferentes, mas quais músicas? - e quais diretores? Todas elas dariam ótimos clipes, mas tínhamos tanto tempo - na verdade, pouquíssimo tempo.

GRAÇA SALVADORA... Mas sim, finalmente estava pronto. Fãs e críticos ainda têm que fazer seus julgamentos, mas todos nós estávamos felizes. Nossos discos tendem a seguir um ciclo, alguns deles são exploratórios e experimentais, outros mais coesivos e definitivos. Eu acho que esse é, assim como "Moving Pictures", "Hemispheres" ou "2112", mais um definitivamente desse tipo. Uma linha indefinida, tanto musical e conceitual, emerge de forma natural, ligando diversas influências e abordagens numa integridade total.

Claro, para chegar nesse ponto feliz, toda a experimentação e exploração se mostra útil. Estamos felizes que a maioria de nossos fãs entendam, apreciam e apoiam esse fato. Como nos aproximamos de nosso marco de dez anos, é mais do que nunca importante nos mantermos fiéis aos nossos ideais juvenis, resistindo às demandas dos míopes, dos "mentes estreitas" e de todos aqueles que tem medo da mudança.

Achamos que podemos nos adaptar. Estamos determinados a permanecer - o máximo que pudermos - graciosamente sob pressão.

Ou pelo menos não tentar gritar muito alto.