OS ÁLBUNS FAVORITOS DE GEDDY LEE



02 DE FEVEREIRO DE 2016 | POR VAGNER CRUZ

Em 2012, Geddy Lee foi entrevistado pelo site britânico The Quietus, revelando seus treze álbuns favoritos (sem ordem de preferência) e tecendo comentários sobre cada um deles. Acompanhe o material inteiramente traduzido para o Rush Fã-Clube Brasil.

IN THE MOOD: OS ÁLBUNS FAVORITOS DE GEDDY LEE DO RUSH
Mick Middles conversa com o baixista e vocalista sobre seus álbuns favoritos de todos os tempos, encontrando surpresas no meio do cânone de clássicos


The Quietus - 29 de Junho de 2012
Por Mick Middles | Tradução: Vagner Cruz


WHO'S NEXT? | THE WHO

Muitos desses discos aconteceram no período em que eu encontrava o meu caminho - não apenas como músico, mas como alguém que começava a descobrir tudo sobre música. Pete Townsend, para mim, é o maior músico do rock. Ele conseguiu expandir uma ideia muito simples levando-a para outro lugar, através da sua maneira poderosa de tocar que nunca perdeu o entusiasmo inicial. Who's Next é um dos álbuns que jamais saíram da minha estante giratória. Para mim, é o álbum que mostra quatro grandes músicos tocando em seu auge criativo. O disco transcende qualquer noção de gênero. Ele é o que é, e isso é a melhor coisa que você pode dizer sobre a banda e sobre qualquer um dos seus álbuns.

LED ZEPPELIN | LED ZEPPELIN

Para alguns, pode parecer um álbum do Led Zeppelin improvável de se escolher, mas, para mim, ele captura um momento: quando eles vieram à Toronto. Lembro-me de levar a noite inteira para conseguir os ingressos. Acho que estou certo em dizer que fomos vê-los logo após lançarem esse disco. Éramos bem jovens e, como tal, um tanto loucos e ansiosos para provar qualquer coisa. Ao ouvir "Communication Breakdown", um gatilho foi disparado na minha cabeça. Na verdade, esse foi o meu punk rock. - aquele aumento súbito de poder era algo que eu nunca havia experimentado antes. Há discos maiores, mais experientes e mais aventureiros do Led Zeppelin - e todos sabemos quais são. Mas você só consegue desfrutar desse tipo de explosão quando se é jovem.

FLEET FOXES | FLEET FOXES

Eu amo a abordagem do Fleet Foxes. Eles parecem não trazer o desejo de serem badalados. Sei que são genuínos - embora, obviamente, essa própria postura pode se tornar badalada. Posso ver um pouco do dilema do Rush. Eles são naturais, orgânicos e tão bem enraizados no folk e no rock que podem ter extremos em qualquer lugar que quiserem. Há tantas coisas acontecendo nesse disco incrível que não podem ser reunidas numa única cesta - a forma como tocam e a linda utilização de harmonias. Não pude acreditar quando ouvi pela primeira vez, algo que me trouxe a esperança de que sempre haverá algo novo acontecendo na música - não importa o que digam. Tudo nesse álbum é antigo, mas, quando unido, soa verdadeiramente inovador.

NURSERY CRYME | GENESIS

Bem, eu fui um grande fã do Genesis e de Peter Gabriel. Foi quando descobri, pela primeira vez, a noção de um disco "conceitual" que poderia ser aventureiro e vívido, e não maçante. É um disco muito lúdico e atraente, e me apaixonei por sua sonoridade. Fiquei totalmente fascinado por ele e queria saber como haviam feito. É parte das raízes do Rush - a criação de um conceito flexível. Os paralelos são óbvios.

THICK AS A BRICK | JETHRO TULL

Meu álbum favorito do Jethro Tull. Sei que é, em parte, uma sátira sobre a ideia de disco "conceitual", mas ele é entregue com perfeição. Fui um grande fã do Tull desde muito jovem, sendo uma das bandas que vi ao vivo em Toronto. Sim, tivemos a sorte de ver vários shows incríveis quando éramos jovens - espero que isso também seja refletido pelo Rush. Fiquei hipnotizado com Ian Anderson. Sua apresentação foi simplesmente mágica, entregando-a com senso de humor e com grande estilo. Nunca houve ninguém que parecesse ou que soasse como eles, e isso é válido até hoje. Víamos isso como um enorme desafio - o de tentar criar algo que fosse tão dinâmico no palco. Eles são considerados melhores ao vivo, embora sua série de discos em todo esse período tenha sido excepcional. Esse ainda soa moderno, e é ótimo ver que o interesse no Tull ainda cresce.

DISRAELI GEARS | CREAM

Bem, talvez a conexão seja óbvia. O Cream meio que inventou o blues-rock com três peças. Eles agarraram o blues e o levaram para outro lugar. Eu adorava a maneira de tocar jazzística de Ginger Baker e, o mais importante para mim, as linhas de baixo fluidas de Jack Bruce. Novamente, essa foi uma das bandas que vi em Toronto, sendo verdadeiramente inspiradora. Soube que queria ser parte de um trio naquele show. O Cream pavimentou o caminho, me mostrando que era possível.

MEDDLE | PINK FLOYD

Esse foi, provavelmente, o último álbum do Pink Floyd antes de irem para sua série de clássicos - antes de fazerem discos realmente grandes. Mas, novamente e novamente, fui ao show deles em Toronto, o que me cativou e incendiou minha imaginação. Eles abriram o show com tudo do Meddle e pude sentir imediatamente que as possibilidades eram imensas para a banda. Foi muito emocionante, pois você poderia dizer que algo único estava acontecendo. Para onde eles iriam no próximo? Bem, foi um grande percussor para Dark Side of the Moon. Já haviam 'ecos' genuínos do mesmo no local. Continua sendo meu favorito por causa da época - o momento em que a banda realmente começava a alcançar o seu auge. Tenho consciência deles com Syd Barrett, mas, num sentido musical, era uma época diferente - uma banda diferente.

BLUE | JONI MITCHELL

Como um jovem canadense, eu era muito consciente do legado folk no Canadá - de Gordon Lightfoot a Neil Young. Claro, Joni Mitchell cai vagamente nessa categoria ampla, uma vez que sua música seja impossível de ser classificada. Em Blue você pode ouvir traços do jazz... oh, todos os tipos de coisas. Todo mundo parecia ter esse álbum. As composições são sublimes e nunca datadas. Não se trata de um disco que teve qualquer efeito sobre a formação do Rush, mas é algo que captura aqueles tempos e que consegue me transportar para lá imediatamente. Não sei se é o seu melhor álbum, mas certamente é aquele que atravessou todos os outros tipos de música ao redor. E também é muito, muito bonito.

BLESS ITS POINTED LITTLE HEAD | JEFFERSON AIRPLANE

Sim, minha banda favorita da Costa Oeste. Estavam sempre se forçando, especialmente quando tocavam ao vivo. Você pode ver isso em todas as filmagens da banda no final dos anos 60. Me sentia particularmente atraído pela forma que Jack Casady tocava baixo, este que sempre se aventurou não se contentando em se acomodar no segundo plano. De todos os seus álbuns, esse é um dos que eu tentava tocar junto. Ele é ao vivo, trazendo uma gravação de sonoridade muito moderna que parecia evocar o sol californiano - o que atraia um garoto de Toronto.

ARE YOU EXPERIENCED | JIMI HENDRIX EXPERIENCE

Lembro-me quando foi lançado - sim, há muito tempo atrás. Nunca tinha ouvido algo assim antes, ou, na verdade, até aquele momento. Tivemos muitos imitadores - mas nada chega perto, né? Novamente, mostrava o poder de uma banda com três integrantes provando, sem sombra de dúvidas, que um trio poderia ser verdadeiramente poderoso e expansivo. Sob muitos aspectos, um trio é mais adaptável e focado do que uma banda de rock maior. O que é isso? Rock? Blues, jazz. Move-se absolutamente por todos os lugares, sendo uma lição para todos os músicos do planeta. Você ouve coisas novas ali, mesmo agora. Ele ainda consegue surpreender.

POST | BJÖRK

Esse é, provavelmente, o álbum mais surpreendente nessa lista - eu sei, é difícil ver qualquer conexão entre o Rush e Björk, e talvez não exista. De qualquer forma, não acho que ela receba o crédito que merece. Jornalistas tendem a se concentrar nas coisas que ela diz e faz e, claro, no que está vestindo. Ela é uma artista muito visual e talvez por isso seja compreensível. Porém, as pessoas tendem a esquecer a artista fantástica e realmente original que ela é. Não tem medo de tentar coisas novas - na verdade, se desenvolve nisso. Teria sido muito fácil para ela seguir a rota do pop construindo singles de sucesso. Deve ter havido bastante pressão para que fizesse isso, mas não é o que ela é. Trata-se de ótima música alimentada por uma imensa imaginação.

THE YES ALBUM | YES

Talvez não seja tão surpreendente. Fiquei interessado nesse disco através de um bom amigo, voltando ao dia em que o Yes estava apenas começando. É óbvio que adoro o baixo incrível de Chris Squire, e ainda sou um grande fã dele. Fantástico. O Yes fornecia uma incrível variedade de arranjos intrincados e uma musicalidade inacreditável. Geralmente batiam muito neles por serem muito complexos, mas não concordo com isso. Há simplicidade e elegância nas canções - sempre achei acessível e aventureiro.

OK COMPUTER | RADIOHEAD

Para mim, o Radiohead continuou a tradição de bandas como o Yes. Eles sempre são aventureiros e desafiadores, e ainda assim permaneceram na linha de frente, de verdade. Adoro a maneira com que misturam o antigo e o novo, incluindo batidas contemporâneas e instrumentações. Mas, novamente, como o Yes e o Genesis, eles ainda têm grandes canções no centro de tudo - especialmente com Ok Computer, que me incendiou e que me deu esperança para o futuro. Grandes músicas em todos os sentidos.

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