GEDDY LEE: "ACHO QUE ACEITO QUE O RUSH FEZ SUA ÚLTIMA TURNÊ"



08 DE NOVEMBRO DE 2016 | POR VAGNER CRUZ

Na edição do programa canadense de rádio The Strombo Show, ocorrida no último domingo, 06 de novembro, o apresentador George Stroumboulopoulos conversou com Geddy Lee e Alex Lifeson do Rush. Eles falaram sobre o lançamento da edição de 40º aniversário do álbum 2112, sobre o documentário Time Stand Still e vários outros tópicos (alguns deles diretamente ligados ao futuro incerto do trio). Confira abaixo a transcrição dos momentos mais interessantes:

Sobre a entrega da chave de Toronto ao Rush pelo prefeito John Tory, e sobre o parque urbano "Lee Lifeson Art" (leia mais sobre o assunto aqui):

Geddy:
"É estranho pensar numa carreira musical com esse tipo de honra. Naturalmente, não associamos uma vida ligada ao rock and roll com alguém dando seu nome a um parque - mas é claro que foi algo muito amável. É maior do que você pode imaginar. Fico honrado e tenho certeza que Al também. Sei que minha mãe ficou muito feliz".

Alex: "Fica perto da escola Earl Haig, onde eu e Geddy já tocamos. Não sei quantas vezes andamos por ali nos primeiros anos, enquanto crescíamos, indo ao Red Barn para comer batatas fritas e hambúrgueres. Todo o nosso passado está ali. Dessa forma, foi bem legal".

Geddy: "Você não consegue evitar o passado quando está numa banda há tanto tempo - é sempre forçado a viver nele. De certa forma, é terapêutico ter perspectivas do seu passado, mas sem ser obcecado por ele".

Geddy Lee, sobre os cuidados com a voz:

Geddy:
"Vivo num estado de total paranoia quando estou na estrada por causa da minha voz, e por precisar cantar aquelas notas. É um esforço e você tem que se colocar no estado de vida que permita que você execute esse tipo de material. Se ouvirmos algumas das primeiras gravações ao vivo, veremos que estou de fato mais gritando do que cantando enquanto faço aquelas notas agudas. Se ouvirmos as minhas versões dessas músicas agora, veremos que eu tento cantar mais. Aquilo fazia parte da juventude. Seu corpo vai fazer o que você o força fazer quando jovem. Quando está mais velho tentando fazer a mesma coisa, precisa ser metódico".

"Ao montarmos juntos o set para a R40, voltamos ao nosso período mais longínquo. Havia algumas canções que eu achava que não poderia mais cantar, mas Alex continuava dizendo, 'Sim, você pode'. Ele ignorava as minhas reclamações, e eu geralmente reclamo".

Sobre as sensações de tristeza e alegria na turnê de despedida:

Alex:
"Acho que qualquer coisa que você faça pela última vez sempre terá uma sensação de saudade e um pouco de tristeza. Geddy e eu, depois de fazermos isso por 46 ou 47 anos, tentamos tomar os segundos de cada show para ter a certeza de que estávamos escaneando todo o público, colocando nos nossos bancos de memória".

Geddy: "Há também um pouco de negação, o que te ajuda a passar por isso. Você diz para si mesmo, 'Ah, essa não vai ser a última. Vamos fazer uma pausa para então nos reunirmos para uma outra turnê, pois você não quer que isso acabe'".

Sobre as possibilidades do Rush fazer uma nova turnê:

Geddy:
"Na verdade não. Acho que aceitei que essa é a última turnê. Vamos ver".

Sobre se Geddy e Alex enviam e-mails para Neil Peart dizendo, 'Ei, podemos continuar com a turnê de uma vez?'

Geddy:
"Sim, enviamos coisas como essas, mas as respostas não são tão entusiasmadas [risos]. Nos falamos".

Alex: "Está tudo bem. Você sabe, é o que é. Venho tocando bastante ultimamente e compondo algumas coisas, apenas para manter meus dedos nisso. Está sendo bem gratificante. Venho realizando alguns shows beneficentes com outros caras, caras velhos como eu que não fazem mais shows e que se reúnem. É algo muito positivo e produtivo, além de ser divertido tocar sempre que se tem chance. Assim, não é como se tivesse acabado, sabe?"

Sobre tocarem sem representarem necessariamente o Rush:

Geddy:
"Acho que todos nós temos ideias de coisas que poderíamos fazer fora do Rush. Acredito que essa turnê foi meio que emocional. Acho que nós... bem, pelo menos a minha atitude é que eu precisava de uma boa limpeza na mente antes de saber para onde meu coração queria ir em seguida como artista".

"Tive algumas abordagens, mas ainda não estou pronto para fazer algo. Discos com outras pessoas... não quero fazer algo apenas por fazer. Para mim, tem que ser significativo. Sei que vou saber quando se apresentar para mim".

Alex: "Acho que quando compomos juntos é algo verdadeiramente especial. Não temos feito isso, mas veremos no futuro".

Sobre o lançamento da edição de 40 anos do álbum 2112:

Geddy:
"Fiquei bem surpreso ao ver tantos músicos fazendo versões daquelas músicas. Os caras do Foo Fighters são os mais encantadores! Steve Wilson... bem, foi surpreendente para mim vê-los querendo participar da maneira que fizeram, conseguindo versões bastante interessantes das canções. É muito legal. Quando olho para a minha própria música, especialmente a música do Rush, não penso em termos de outras pessoas tocando-as, pois as mesmas são bem conectadas e estranhas. Você sabe que não são canções fáceis de tocar - são muito idiossincráticas. Por isso, sempre fico surpreso quando ouço o que alguém fez com elas. Não sei. Talvez seja porque você queira sempre associar sua música com você mesmo - especialmente o tipo de música que fazemos".

Sobre a chegada ao Rock and Roll Hall of Fame:

Geddy:
"Foi um dia surpreendentemente emocional... acho que passamos tanto tempo negando aquilo e sua importância que, quando o momento chegou, nos levou à surpresa de estarmos num local repleto de fãs do Rush. O momento nos pareceu muito maior do que esperávamos. Foi uma grande noite - um grande evento e, por fim, acho que ficamos muito felizes com aquilo".

Alex: "Os momentos no palco foram ótimos. Eu não sabia que ia fazer aquele discurso [o discurso do blá blá blá] até estar subindo os degraus. Eu tinha um discurso escrito no bolso e pensei, 'Ok - talvez eu tente dessa forma'".

Geddy: "O discurso estava no teleprompter".

Alex: "Mas, assim como Donald Trump, não segui o teleprompter. Eu só queria contar a história de quem éramos, de como chegamos aqui e tudo isso, tendo a esperança de coroar o momento com humor. Era o Rock And Roll Hall Of Fame, o qual presume-se ser divertido e irreverente".

Geddy: "Foi uma longa noite, e alguns dos discursos foram bem extensos e autoindulgentes para muitos dos artistas e pessoas que estavam sentados lá. Acho que encontraram uma sensação de alívio. Al estava apenas trazendo um pouco de bagunça. Alguns discursos eram apenas as histórias de vida. Porque falar daquilo novamente? Era meio estranho".

Alex: "Outra coisa legal foi a jam no final. Fiquei ao lado das irmãs Wilson do Heart. Cara, ela [Ann] canta demais. Que voz incrível. Pude ouvi-la de forma acústica, sem os monitores, bem do meu lado. Que voz incrível ela tem - e Nancy é uma excelente guitarrista. Foi muito divertido conhecê-las nesses poucos dias".

Sobre o Pearl Jam:

Geddy:
"Passamos a apreciar vários músicos ao longo dos anos, e vários tipos de bandas diferentes. Acho que, se eu pudesse me relacionar com alguém nesse sentido, provavelmente seria o Pearl Jam, pois são caras muito normais. São pessoas muito agradáveis e que tomam as mesmas atitudes que nós (de fazer o que se quer fazer). As pessoas apreciam essa honestidade e autenticidade, sabe? Há uma espécie de afinidade. Não somos amigos próximos, e o mesmo acontece com Dave Grohl e Taylor Hawkins do Foo Fighters. Acho que sentimos uma espécie de fraternidade, mesmo que não sejamos próximos. Não moramos na mesma cidade e não saímos juntos".

Sobre a mãe de Geddy e a relação com a mãe de Grohl:

Geddy:
"A mãe de Dave e a minha são amigas - algo bem estranho! Ela escreveu um livro sobre as mães do rock, vindo aqui no Canadá para entrevistar minha mãe. Se deram tão bem que a casa ficou como se estivesse em chamas. Assim, quando minha mãe ouviu dizer que o Foo Fighters ia tocar aqui, disse, 'Eu vou!'". A mãe de Dave ligou pra minha mãe, mandando um carro para ela e minha irmã a fim de levá-las para a apresentação. Dave as colocou do lado do palco por todo o show, mostrando-as no telão, falando sobre a presença delas e, claro, quando tocaram 'Tom Sawyer', minha mãe ficou radiante! 'Essa eu conheço!'".

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