ALEX     GEDDY     NEIL

NEIL PEART

BATERISTA, LETRISTA, ESCRITOR E MOTOCICLISTA.

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Neil Ellwood Peart nasceu em Hamilton, Ontário (Canadá) no 12 de Setembro de 1952. Consagrado como baterista / letrista do Rush e escritor, recebeu inúmeras premiações por suas performances musicais sempre marcadas por agilidade, proficiência e energia, sendo considerado um dos mais influentes de todos os tempos no instrumento.

Peart cresceu em Port Dalhousie, uma comunidade pertencente a St. Catharines, também localizada em Ontário. Aos 13 anos, ganhou de seus pais seu primeiro par de baquetas, um pequeno kit de prática e algumas aulas com a promessa de que, se estudasse durante um ano com afinco, ganharia uma bateria. Como prometido, ele recebeu seu primeiro instrumento aos 14 anos, passando a praticar rigorosamente.

Durante a adolescência, vagou entre várias bandas locais deixando os estudos para dedicar-se em tempo integral à sua sonhada carreira. Após uma temporada desencorajadora na Inglaterra, Peart retornou para casa, onde ingressou uma banda de Toronto, o Rush, no verão de 1974.

No início, seu estilo de tocar foi desenvolvido principalmente no hard rock, tendo como inspiração bateristas como Keith Moon e John Bonham, que estavam em grande destaque no circuito musical britânico. Entretanto, com o passar do tempo, Peart começou a absorver também a influência de músicos de jazz e das big bands, como Gene Krupa e Buddy Rich. Em 1994, tornou-se amigo e pupilo do instrutor de jazz Freddie Gruber. Durante esse período decidiu renovar seu estilo de tocar, incorporando novos componentes do swing e do próprio jazz. Gruber também foi responsável por apresentar os produtos da Drum Workshop, empresa que fornece atualmente os elementos para seus kits.

Além de ser um músico e letrista principal do Rush, Peart também é um escritor prolífico, havendo produzido diversas memórias e anotações sobre suas viagens. Suas composições permearam por temas como ficção científica, fantasia e filosofia, assim como investidas seculares, humanitárias e libertárias. Todos os seus cinco livros são relatos de viagens não-ficcionais, aos quais ele recorre também a temas de sua vida própria vida. Peart atualmente mora em Santa Mônica, Califórnia, com sua esposa Carrie Nuttall e sua filha Olivia Louise, possuindo uma casa em Quebec e também passando temporadas Toronto durante gravações.

Em termos musicais, recebeu vários prêmios por suas performances e é extensivamente reverenciado por sua resistência, força, habilidade e virtude. Em termos de influência, é indubitavelmente um dos mais importantes bateristas da história, constantemente classificado como um dos maiores de todos os tempos.

VIDA E CARREIRA

INFÂNCIA

Peart nasceu em Hamilton, e viveu seus primeiros anos com seus pais Glen Peart e Betty na fazenda da família em Hagersville, nos arredores da cidade. Ele é o mais velho de quatro filhos: seu irmão Danny e suas irmãs Judy e Nancy nasceram depois da família ter se mudado para St. Catharines, quando ele tinha dois anos. Nesse período, seu pai tornou-se um gerente de peças da Dalziel Equipment, uma empresa de máquinas agrícolas internacional. Em 1956 a família se mudou para Port Dalhousie, com Peart frequentando a Gracefield School e mais tarde a Lakeport Secondary School, e ele descreve sua infância tão feliz como se experimentasse uma família acolhedora. No início da adolescência ele começou a se interessar por música, adquirindo um rádio que ele utilizava para sintonizar as estações de música pop que eram transmitidas de Toronto, Hamilton, Welland, Ontario, Buffalo e NovaYork.

Seu primeiro contato com instrumentos musicais veio na forma de aulas de piano, as quais, segundo ele, não lhe trouxeram grande impacto. Ele já trazia uma inclinação por bateria, pois utilizava vários objetos da casa para emular o instrumento com um par de hashis. Dessa forma, aos 13 anos, seus pais lhe deram de presente um par de baquetas, uma pequena bateria de treino e algumas aulas, com a promessa de que, se ele continuasse durante um ano, iria ganhar um kit.

Seus pais lhe deram um kit de bateria quando ele tinha 14 anos de idade. Nesse período, o jovem Neil começou a ter aulas com o professor Don George no Peninsula Conservatory of Music. Sua estreia nos palcos aconteceu naquele mesmo ano, durante a festa de Natal na St. Johns Anglican Church Hall, em Port Dalhousie. Sua aparição seguinte foi na Lakeport High School com seu primeiro grupo, The Eternal Triangle. Essa apresentação tinha uma canção original intitulada 'LSD Forever'. Nesse show, Peart realizou seu primeiro solo.

Peart conseguiu um emprego no Lakeside Park em Port Dalhousie, às margens do Lago Ontário (local que mais tarde iria inspirar a cação de mesmo nome do álbum Caress of Steel do Rush). Ele trabalhou no aluguel de materiais para fazer bolhas de sabão e também de bolas, mas sua falta de iniciativa quando o movimento era fraco resultaram em sua demissão. No final de sua adolescência, Peart havia tocado em bandas locais, como a Mumblin’ Sumpthin’, Majority e JR Flood. Essas costumavam ensaiar em porões e garagens, tocando em paróquias, escolas e pistas de patinação em várias cidades ao Sul de Ontário, como Mitchell, Seaforth e Elmira, tendo também visitado a cidade de Timmins, ao Norte. Todas as noites de terça feira estavam preenchidas com jam sessions no Niagara Theatre Centre.

CARREIRA ANTES DO RUSH

Aos 18 anos, depois de lutar para alcançar o sucesso como baterista no Canadá, Peart decidiu viajar para Londres, Inglaterra, com a esperança de continuar sua carreira como músico profissional. Apesar de tocar em várias bandas e de conseguir alguns trabalhos ocasionais, ele acabou sendo forçado a busca sustento com a venda de objetos para turistas numa loja de souveniers chamada The Great Frog na Carnaby Street.

Enquanto esteve em Londres, Peart teve contato com obras da escritora Ayn Rand, essas que o início e tornaram numa influência filosófica significativa sobre o jovem. As investidas de Rand em torno do individualismo e objetivismo lhe foram inspiradoras. Referências a tais obras podem ser encontradas em suas primeiras letras com o Rush, como em Anthem, do álbum Fly by Night de 1975 e em 2112, do álbum de mesmo nome lançado em 1976.

Após dezoito meses de shows em becos, Peart estava desiludido com o mundo da música, colocando a aspiração se se tornar um músico profissional de lado retornando ao Canadá. Ao voltar para St. Catharines, decidiu trabalhar com seu pai vendendo peças para tratores na Dalziel Equipment.

CHEGADA AO RUSH

Após retornar para o Canadá, Peart foi recrutado para tocar bateria na banda Hush, de St. Catharines, que tocava no circuito de bares localizados ao sul de Ontário. Logo depois, um conhecido em comum convenceu Peart para fazer um teste para uma banda chamada Rush de Toronto, que precisava de um baterista para substituir o original, John Rutsey. Geddy Lee e Alex Lifeson participaram da audição. Seus futuros companheiros de banda descrevem sua chegada como algo muito divertido, pois Neil chegou de short, dirigindo um velho e surrado Ford Pinto e com as peças de sua bateria armazenadas em latas de lixo. Peart achava que seu teste havia sido um completo desastre. Enquanto Geddy e Neil tiveram afinidades imediatas em um nível pessoal (ambos compartilhavam gostos semelhantes em torno de livros e música), Lifeson teve uma impressão menos favorável. Após alguma discussão, eles acabaram aceitando o estilo britânico maníaco de Peart na percussão, que lembrava Keith Moon do The Who.

Peart entrou no Rush oficialmente em 29 de julho de 1974, duas semanas antes da primeira turnê do grupo nos EUA. Ele adquiriu um kit prata Slingerland para fazer o primeiro show com a banda, abrindo para Uriah Heep e Manfred Mann para um público de 11 mil pessoas no Civic Arena em Pittsburgh, Pennsylvania, no dia 14 de agosto de 1974.

INÍCIO DA CARREIRA NO RUSH

Neil logo se firmou na sua posição, tornando-se também o letrista principal. Antes de juntar-se ao Rush, ele já havia colocado no papel algumas composições, e o desinteresse dos outros integrantes nessa atividade fez com que seu previamente desconhecido talento se tornasse tão importante quanto sua musicalidade para as intenções da banda. Enquanto isso, os jovens canadenses trabalhavam duro para lançarem um novo disco. Neil, juntamente com Geddy e Alex, começavam a aprender a viver basicamente na estrada, viajando em extensas turnês.

Sua primeira gravação com o Rush foi Fly by Night, de 1975. Revelou-se como um trabalho muito bem-sucedido, com o qual ganharam o prêmio Juno no Canadá (equivalente ao Grammy nos Estados Unidos) como a banda mais promissora daquele ano. Porém, seu sucessor, Caress of Steel, também de 1975, no qual a banda depositava grandes esperanças, foi recebido com certa hostilidade pelos críticos e fãs em geral. Em resposta à recepção negativa, que centrava principalmente no lado B (abrangendo o épico The Fountain of Lamneth), Neil compôs, no ano seguinte, o antológico 2112. O álbum, apesar de ter recebido certa indiferença da gravadora, tornou-se um grande avanço para eles, angariando um crescente número de fãs principalmente nos Estados Unidos. A turnê culminou em um concerto de três noites em Toronto, numa apresentação em que Neil foi apresentado como 'o mestre da bateria' por Geddy.

Neil retornou à Inglaterra para a turnê que a banda iria realizar no norte do país, onde permaneceu para a gravação do próximo álbum, A Farewell to Kings, de 1977. Após esse trabalho, eles voltariam ao Rockfield para Hemispheres, em 1978. Aqui, Neil trabalhou com as letras inteiramente no estúdio. A gravação de cinco discos no período de quatro anos, juntamente com os mais de trezentos shows por ano, convenceu a banda a se inclinar numa abordagem diferente. Neil descreveu esse período da banda como um 'túnel escuro'.

RENOVAÇÃO DO ESTILO DE TOCAR

Em 1992, Neil foi convidado pela filha de Buddy Rich, Cathy Rich, para tocar no Buddy Rich Memorial Scholarship Concert, em Nova Iorque. Ele aceitou e tocou pela primeira vez com a banda do lendário músico. Neil mencionou que teve pouco tempo para ensaiar, ficando um tanto quanto envergonhado ao descobrir que a banda tocou um arranjo diferente da música que ele havia ouvido anteriormente. Sentindo que seu desempenho deixou muito a desejar, ele decidiu produzir e tocar em dois álbuns de tributo à Rich chamados Burning for Buddy: A Tribute to the Music of Buddy Rich, em 1994 e 1997, como forma de reconquistar sua calma.

Enquanto trabalhava nesse tributo, Neil ficou impressionado com a notável melhoria de desempenho de Steve Smith, antigo baterista da banda americana Journey, perguntando-o sobre seu 'segredo'. Steve respondeu que estava estudando com o professor de bateria Freddie Gruber. Como consequência, Neil pôs suas responsabilidades principais no Rush de lado e concentrou-se nas aulas de bateria que Freddie lecionava.

No início de 2007, Neil e Cathy Rich novamente discutiram sobre um novo concerto para Buddy Rich. Como recomendação do baixista Jeff Berlin, Neil decidiu melhorar seu padrão de swing que ele havia estudado, aprimorando-o com outro aluno de Freddie Gruber, Peter Erskine, um outro instrutor de Steve Smith. Em 18 de outubro de 2008, Neil tocou novamente no Buddy Rich Memorial Concert, tendo inclusive sido lançado para DVD.

TRAGÉDIA FAMILIAR E RECONCILIAÇÃO

Logo após a conclusão da turnê do álbum Test for Echo, em 4 de julho de 1997, a banda entrou em um hiato de cinco anos devido a tragédias na vida pessoal de Neil. Sua primeira e até então única filha Selena Taylor, de 19 anos de idade, faleceu em um acidente de carro na Highway 401, em Ontário, no dia 10 de agosto de 1997. Jacqueline Taylor, sua esposa por 22 anos (de um casamento informal e legal) foi diagnosticada com cãncer e morreu apenas dez meses depois, em 20 de junho de 1998. Neil, entretanto, afirma que a sua morte foi o resultado de um coração frágil, chamando o processo de um "lento suicídio de apatia. Ela somente não importava".

Em seu livro Ghost Rider: A Estrada da Cura, Neil escreveu que, no funeral de sua esposa, comunicou aos seus amigos de banda, "considerem-me aposentado". Ele levou um longo tempo para refletir e acalmar-se, viajando-se extensivamente dentre o norte e o centro dos Estados Unidos em sua motocicleta, viajando por 88 mil quilômetros. Após sua jornada, ele decidiu retornar à banda. Escreveu o livro como uma crônica da sua viagem geográfica e emocional.

Neil foi apresentado à fotógrafa Carrie Nuttall em Los Angeles, na Califórnia, por seu antigo amigo e fotógrafo Andrew MacNaughtan. Neil e Carrie casaram-se em 9 de setembro de 2000. No começo de 2001, ele anunciou aos seus antigos companheiros que estava pronto para recomeçar a gravar e a tocar. O produto foi o álbum Vapor Trails, de 2002. No início da turnê, foi decidido entre os integrantes que ele não falaria mais abertamente com a imprensa e com os compromissos em público que a banda costumava ter. Ele sempre foi tímido em relação a esses eventos, e ficou decidido que expô-lo a um debate interminável de questões a respeito da reviravolta trágica da sua vida seria totalmente desnecessário. Desde o lançamento do álbum Vapor Trails, Neil voltou a trabalhar como baterista em tempo integral. O Rush lançaria ainda um álbum de covers em 2004, Feedback, o ao vivo R30 (comemoração de aniversário de 30 anos da banda) em 2004 e outro álbum de estúdio, Snakes & Arrows, em 2007. Foi durante esse período que a banda visitou o Brasil pela primeira vez, em Novembro de 2002, tocando para a maior plateia de sua história, um total de 66 mil pessoas em São Paulo. Em junho de 2009, durante uma entrevista, Neil anunciou que ele e Nuttall estavam esperando sua primeira filha. Olivia Louise Peart nasceu em 12 de agosto de 2009.

MUSICALIDADE

Neil entrou oficialmente no Rush no dia do aniversário de vinte anos de Geddy Lee, em 29 de julho de 1974, duas semanas antes da primeira turnê americana do grupo. Tocou com um Kit Slingerland prata abrindo concertos do Uriah Heep e Manfred Mann, à frente de 11.642 pessoas no Civic Arena, Pittsburgh, Pennsylvania no dia 14 de Agosto de 1974. Seu primeiro registro musical é em Fly by Night, o segundo disco da banda, gravado em 1975.

Em suas performances, combina velocidade espantosa, técnica e uma criatividade únicas. Influenciou gerações inteiras de bateristas e obteve também o reconhecimento de grandes nomes do jazz. Tem o costume de realizar solos experimentais durante os shows da banda, abordando nos mesmos sua história pessoal e a também do instrumento, visitando elementos de rock, jazz, percussão latina e africana. Sua habilidade é sempre muito bem vista por fãs, revistas especializadas e por outros músicos, e suas influências se consolidaram como ecléticas, que vão desde Jon Thomas, John Bonham, Michael Giles, Ginger Baker, Phil Collins, Steve Gadd e Keith Moon a bateristas do fusion e jazz, como Billy Cobham, Buddy Rich, Bill Bruford e Gene Krupa. A primeira banda que lhe trouxe inspirações para compor músicas e tocar bateria foi o The Who.

Peart é diferenciado por inverter a posição das baquetas para um impacto maior e para melhorar a capacidade de rimshot. "Quando eu estava começando, se eu quebrasse as pontas das minhas baquetas não poderia me dar ao luxo de comprar outras novas, então passei a utilizar a parte de trás das mesmas. Acabei me acostumando com isso, continuando a utilizar o lado mais grosso das baquetas. Isso me dá um impacto mais sólido e com menos 'peso morto'".

Entre 1980 e 1986 acumulou os mais variados prêmios da Modern Drummer, a mais conceituada publicação sobre bateria e percussão do mundo. Ainda em 1986, foi considerado 'o melhor de todos' e elevado à condição de 'hors concours', tornando-se inelegível nas principais categorias da revista. A saga deste gênio das baquetas parece fadada ao mítico: em 2001, a Revista Bilboard apontou o álbum Signals (1982) como 'o maior desempenho de um baterista em estúdio de todos os tempos'. Mesmo chegando após o lançamento do primeiro álbum da banda, Peart tornou-se o principal centro das atenções. Entre os bateristas influenciados por ele se destacam-se Mike Portnoy, ex-integrante da banda norte americana Dream Theater, e basicamente toda uma geração de bateristas da vertente progressiva.

De 1994 a 1995, estudou com Freddie Gruber e revisou sua maneira de tocar, dedicando-se a pegada tradicional e jazzística. O resultado pode ser conferido no álbum Test For Echo, de 1996. Peart tocou durante muito tempo com uma pegada moderna, mas acabou se voltando para a tradicional como parte de sua reinvenção de estilo. Logo após as filmagens do seu primeiro DVD aula A Work in Progress, ele voltou a utilizar a pegada moderna, mudando para a tradicional quando tocava canções do álbum Test For Echo e durante os momentos em que sentia que essa postura seria a mais apropriada, como em alguns trechos do seu solo de bateria. Ele discute os detalhes dessas opções no DVD Anatomy of a Drum Solo.

EQUIPAMENTO

Com o Rush, Peart utilizou kits de bateria das empresas Slingerland, Tama, Ludwig e Drum Workshop (DW), nessa ordem. Fez uso de pratos Zildjian Série A e Wuhan até o início dos anos 2000, quando mudou para a Paragon, uma linha criada para ele pela Sabian. Em shows, Peart utiliza um kit elaborado de 360 graus, com um grande set acústico à sua frente e vários elementos eletrônicos na parte de trás.

Durante os anos de 1970, Peart aumentou sua configuração com diversos instrumentos de percussão, incluindo glockenspiel, carrilhão, sinos de vento, crótalos, timbales, tímpanos, gongos, blocos sonoros, árvore de sinos, triângulos e cowbels. Em meados da década de 1980, Peart substituiu várias dessas peças por pads para o disparo de MIDIs. Isso foi feito para acionar sons a partir de várias peças de percussão, evitando ocupar muito espaço dos palcos. Alguns sons eletrônicos não-instrumentais tmbém são utilizados. Um pad clássico para MIDI utilizado é o Malletkat Express, um dispositivo eletrônico de duas oitavas que se assemelha a um xilofone ou piano. Ele é composto de pads de borracha que funciona como chaves que ele aciona para qualquer som que deseja utilizar. No início da turnê Grace Under Pressure de 1984, ele utilizou a bateria eletrônica Simmons combinada aos samplers digitais Akai. Peart já se apresentou executando várias canções utilizando principalmente a parte eletrônica do seu kit, como Red Sector A, Closer to the Heart em A Show of Hands e Mystic Rhythms no R30. Seus solos também apresentam trechos realizados na parte eletrônica.

Pouco depois de decidir incluir elementos eletrônicos e disparadores, Peart acrescentou o que se tornou outra marca registrada em seus kits: uma plataforma giratória. Durante os show do Rush a plataforma permite que Peart inverta a posição das partes do kit, com o aparato acústico ficando na parte de trás e o set eletrônico se posicionando à sua frente. Em um trecho dos seus solos ao vivo, o mecanismo é acionado, utilizando os pads eletrônicos e depois retorna para a posição original, dentro do mesmo solo. Esse efeito especial fornece uma transição simbólica de estilos no instrumento, representando sempre um grande deleite visual para o público. No início dos anos 2000, Peart decidiu tirar o máximo se proveito dos avanços tecnológicos da percussão eletrônica, incorporando principalmente elementos da Roland V-Drums e continuando com a utilização de samplers ao lado do seu conjunto tradicional de peças acústicas. Sua biblioteca de samplers digitais que combinam sons tradicionais e exóticos tem se expandido bastante ao longo dos anos.

Em abril de 2006, Peart recebeu seu terceiro kit DW, configurado de forma semelhante ao anterior utilizado na turnê R30, com acabamento em tabaco sunburst com acabamento em bordas exteriores com camadas crespas e ferragem cromada. Ele se refereia a esse set, que ele utilizava principalmente em Los Angeles como 'o kit Costa Oeste'. Além de utilizá-lo em gravações com a banda Vertical Horizon, ele fez uso também para compor os trechos de bateria para o álbum Snakes & Arrows. Possui um bumbo personalizado de 23 polegadas e todas as outras peças permaneceram do mesmo tamanho das que foram utilizadas na turnê R30.

Em março de 2007, Peart revelou que a DW havia preparado um novo set vermelho e ferragens douradas com o logos pretos e dourados do álbum Snakes & Arrows, para ser utilizado na turnê.

Peart também criou sua própria série de baquetas assinadas com a Pro-Mark. A série PW747W traz baquetas feitas de carvalho branco japonês, que tem mais peso do que as tradicionais de nogueira. Elas trazem uma espessura com padrão 5A (0.551", 1.4 cm) porém são mais longas (16,25", 41,3 cm), de conicidade mais grossa e ponta maior desenhada na própria madeira.

Quando o Rush saiu em sua Time Machine Tour, a Pro-Mark lançou três edições limitadas, com cada uma delas trazendo simbolos steampunk utilizados no kit pintados com tinta acobreada. Alguns outros artistas que usaram as sérias assinadas por Peart foram Ben Johnston da banda escocesa Biffy Clyro, Richie Hayward da norte-americana Little Feat e Paul Garred da inglesa The Kooks.

Durante a turnê Time Machine em 2010, Peart utilizou um novo kit DW, equipado com ferragens banhadas em cobre e com design totalmente steampunk. Também foram utilizados pratos Paragon customizados com as imagens do famoso relógio.

SOLOS

Peart é conhecido por seus inconfundíveis solos de bateria em shows, caracterizados por instrumentos de percussão exóticos, longas passagens intrincadas em compassos ímpares. Seus arranjos complexos, por vezes, resultam numa separação completa dos padrões dos membros superiores e inferiores, como o trecho apelidado de The Waltz. Seus solos foram apresentados em cada álbum ao vivo lançado pela banda. Nos primeiros, (All the World's a Stage e Exit...Stage Left), o solo era incluído como parte de uma canção. Em todos os álbuns subsequentes até Time Machine Tour, o mesmo foi incluído como um faixa separada. Já Clockwork Angels Tour traz três solos curtos ao invés de um único longo: dois interlúdios tocados entre as canções e um independente.

O DVD Anatomy of a Drum Solo traz uma análise aprofundada de como ele constrói seu solo que é musical ao invés de indulgente, utilizando a composição feita para a turnê R30 como parâmetro.

LETRAS

Peart é o principal letrista do Rush. A literatura sempre influenciou fortemente suas composições e, como tal, sempre abordou uma variada gama de assuntos. Em seus primeiros dias com o Rush, grande parte de sua produção lírica foi influenciada por temas fantásticos, ficção científica, mitologia e filosofia. No entanto, seria como lidar com o mundo real ou questões pessoais, tais como a vida na estrada e sobre etapas de sua adolescência.

A canção 2112 centra-se na luta do indivíduo contra forças coletivistas de um estado totalitário. Tornou-se um lançamento que solidificou o avanço da banda, mas que também trouxe críticas inesperadas, principalmente divo ao crédito de inspiração que Peart deu a Ayn Rand no encarte. "Houve uma reação marcante, especialmente da imprensa inglesa no fim da década de 1970, quando o coletivismo estava em alta, principalmente entre os jornalistas", disse Peart. "Eles nos chamavam de 'fascistas juvenis' ou 'amantes de Hitler'. Foi totalmente chocante pra mim".

Cansado da fidelidade ideológica associada à filosofia objetivista de Rand, Peart tem procurado lembrar em entrevistas sobre seu ecletismo e independência. Segundo ele, não houve uma tentativa sua de argumentar em defesa dos pontos de vista de Rand: "Pra começar, a extensão da influência dos escritos de Ayn Rand não deve ser exagerada. Não sou discípulo de ninguém".

O álbum Permanent Waves de 1980 viu Peart deixar a utilização de literatura fantástica ou mitologia antiga em suas composições. Moving Pictures, de 1981, mostrou que o músico ainda estava interessado em figuras mitológicas heroicas, mas que agora eram colocadas firmemente em um contexto moderno com base na realidade. A canção Limelight, do mesmo álbum, traz um relato autobiográfico sobre suas reservas à respeito de sua popularidade e das pressões da fama. De Permanent Waves em diante, a maioria de suas letras começaram a tratar de questões sociais, emocionais e humanitárias, geralmente a partir de um ponto de vista objetivo com o emprego de metáforas e representações simbólicas.

O álbum Grace Under Pressure de 1984 traz uma cadeia de temas duros como o Holocausto (Red Sector A) e a morte de amigos próximos (Afterimage). A partir de Hold Your Fire, de 1987, incluindo Presto (1989), Roll The Bones (1991) e Counterparts (1993), Peart começaria a explorar diversas motivações líricas, abordando também temas em torno do amor e relacionamentos (Open Secrets, Ghost of a Chance, Speed of Love, Cold Fire e Alien Shore, entre outras), assuntos que ele mesmo evitava no passado por receio de não ser capaz de escrever sem a utilização de clichês. No entanto o álbum Vapor Trails de 2002 foi fortemente dedicado a falar de suas próprias questões pessoais combinadas a outros temas humanitários, como os ataques terroristas de 11 de setembro (Peaceable Kingdom). Já em Snakes & Arrows, a banda tratou de forma principal e veemente sobre as opiniões de Peart sobre fé e religião. A letras de uma dessas canções, Faithless, exibe uma postura de vida de Peart, que tem sido muito identificada com o Humanismo Secular. Ele só identificou explicitamente seus pontos de vista religiosos no livro The Masked Rider: Cycling in West Africa, afirmando, "Sou um pensador agnóstico linear, mas não sou ateu, pessoal".

LIVROS

Peart é autor de cinco livros não-ficcionais, com o mais recente lançado em setembro de 2012. Seu crescimento como autor é anterior a suas publicações (não incluindo a atividade de letrista principal do Rush), que incluem cartas particulares e pequenos relatos de viagens enviados a um pequeno círculo de amigos e familiares.

O primeiro livro de Peart, The Masked Rider: Cycling in West Africa, foi escrito em 1996, onde o músico relata uma viagem de um mês que fez de bicicleta por Camarões em novembro de 1988. O livro relata as passagens de Peart por cidades e aldeias com outros quatro amigos. O original teve prensagem limitada, mas após o sucesso comercial e de crítica uma segunda edição foi liberada, e permanece desde 2006.

Após perder sua primeira esposa e sua filha única até então, Selena Taylor, Peart embarcou numa longa viagem de moto pela América do Norte. Suas experiências foram descritas em Ghost Rider: Travels on the Healing Road Tanto ele quanto os demais da banda foram capazes de manter a vida privada separada da imagem pública com o Rush. No entanto, Ghost Rider traz uma narrativa em primeira pessoa onde Peart conta suas aventuras na estrada com sua BMW R1100GS, em um esforço de cura. Em 2014, Ghost Rider (A Estrada da Cura) foi o primeiro livro de Peart a ser lançado no Brasil, saindo pela editora gaúcha Belas-Letras.

Anos mais tarde, após casar-se com Carrie, Peart fez outra viagem, dessa vez de carro. Em seu terceiro livro, Traveling Music: The Soundtrack of my Life and Times ele reflete sobre sua vida, sua carreira, família e música. Tal como acontece nos dois livros anteriores, a narrativa é em primeira pessoa.

Depois de 30 anos, Peart se reuniu novamente com o Rush para uma turnê de aniversário. Lançado em 2006, Roadshow: Landscape With Drums, A Concert Tour By Motorcycle, detalha a turnê tanto por trás do kit de bateria quanto em cima de suas motos BMW R1150GS e R1200GS.

O livro seguinte, Far and Away: A Prize Every Time, saiu em maio de 2011. O projeto, no qual trabalhou por dois anos, baseia-se em suas viagens pela América do Norte e América do Sul, onde ele conta por exemplo como encontrou em uma cidade no Brasil uma combinação única da música brasileira com o som do oeste africano.

Peart trabalhou com o autor de ficção científica Kevin J. Anderson no desenvolvimento do livro baseado no álbum Clockwork Angels, de 2012, onde trechos de suas letras podem ser encontrados por toda a história.

PROJETOS MUSICAIS FORA DO RUSH

  • Disco 'Burning the Days' (2009), da banda norte-americana Vertical Horizon, bateria em três canções: 'Save Me from Myself', 'Welcome to the Bottom' e 'Even Now'.
  • Disco 'Burning the Days' (2009), da banda norte-americana Vertical Horizon, composição da canção 'Even Now' em parceria com Matt Scannell.
  • Disco 'Echoes from the Underground' (2013), da banda norte-americana Vertical Horizon, bateria em suas canções: 'Instamatic' e 'South for the Winter'.
  • Burning for Buddy: A Tribute to the Music of Buddy Rich
  • Burning for Buddy: A Tribute to the Music of Buddy Rich, Vol. 2

Peart fez uma breve participação no filme Aqua Teen Hunger Force Colon Movie Film for Theaters de 2007, onde foram tocados trechos de suas performances na bateria.

Ele também fez uma rápida aparição no filme Adventures of Power, e nos extras do DVD ele participa de uma competição com um air-drummer.

DVDs

Além dos vídeos com o Rush, Peart lançou os seguintes DVDs:

  • A Work in Progress
  • Anatomy of A Drum Solo
  • The Making Of Burning For Buddy (A Tribute To The Music Of Buddy Rich)
  • Taking Center Stage: A Lifetime of Live Performance
  • Fire on Ice: The Making of the Hockey Theme

PREMIAÇÕES

Da revista Modern Drummer pelos leitores:

  • Hall da Fama: 1983
  • Melhor baterista de rock*: 1980, 1981, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986, 2006, 2008
  • Melhor multi-percussionista*: 1983, 1984, 1985, 1986
  • Melhor percussionista instrumental: 1982
  • Baterista revelação: 1980
  • Best All Around: 1986
  • Honor Roll: baterista de rock e multi-percussionista em 1983
  • Melhor vídeo instrumental: 2006, por Anatomy of A Drum Solo
  • Melhor gravação de bateria dos anos 80: 2007, pela música "YYZ" do álbum Exit...Stage Left de 1981.

(*) Como um membro do Honor Roll, Neil não é mais elegível nas categorias marcadas.

Melhor performace em gravação:

  • 1980: Permanent Waves
  • 1981: Moving Pictures
  • 1982: Exit...Stage Left
  • 1983: Signals
  • 1985: Grace Under Pressure
  • 1986: Power Windows
  • 1988: Hold Your Fire
  • 1989: A Show of Hands
  • 1990: Presto
  • 1992: Roll the Bones
  • 1993: Counterparts
  • 1997: Test For Echo
  • 1999: Different Stages
  • 2002: Vapor Trails
  • 2004: R30
  • 2007: Snakes & Arrows
  • 2012: ClockWork Angels
  • 2013: ClockWork Angels Tour

Peart recebeu os seguintes prêmios da revista DRUM! em 2007:

  • Baterista do Ano
  • Melhor Baterista de Rock Progressivo
  • Melhor Artista ao Vivo
  • Melhor DVD (Anatomy of A Drum Solo)
  • Melhor Baterista em Álbum (Snakes & Arrows)

Peart recebeu os seguintes prêmios da revista DRUM! em 2008:

  • Baterista do Ano
  • Melhor Baterista de Rock Progressivo (Vice-Campeão)
  • Melhor Baterista do Mainstreem (Vice-Campeão)
  • Melhor Baterista Ao Vivo

Peart recebeu os seguintes prêmios da revista DRUM! em 2009:

  • Baterista do Ano
  • Melhor Baterista de Rock Progressivo

Peart recebeu os seguintes prêmios da revista DRUM! em 2010:

  • Baterista do Ano
  • Melhor Baterista Ao Vivo (Vice-Campeão)
  • Melhor Baterista de Rock Progressivo (Vice-Campeão)

Junto com seus companheiros de banda Geddy Lee e Alex Lifeson, Peart foi condecorado com a Ordem do Canadá em 9 de Maio de 1996. O trio foi a primeira banda de rock a receber tal honra no país.

Em 2013 junto com seus companheiros de banda Geddy Lee e Alex Lifeson, Peart foi nomeado membro do Rock and Roll Hall of Fame, juntamente com Randy Newman, Public Enemy, Donna Summer, Albert King, Lou Adler e Quincy Jones.